Autor e data do Livro de Ester

Embora não saibamos quem escreveu o Livro de Ester, as provas intrínsecas possibilitam fazer algumas interferências a respeito do autor e da data de composição. Fica claro que autor era judeu., tanto pelo realce que confere à origem de uma festa judaica quanto pelo nacionalismo judaico que permeia a história.

O conhecimento que o autor possui dos costumes persas, os antecedentes históricos na cidade de Susã e a ausência de referência à terra de Judá ou a Jerusalém fazem crer que residia em cidade persa. A data mais recuada possível para o livro seria pouco depois dos acontecimentos narrados, 460 a.c (antes da volta de Esdras a Jerusalém).

As provas intrínsecas também fazem supor que a festa do Purim vinha sendo observada algum tempo antes de esse livro ser escrito (9.19). Vários estudiosos têm datado o livro no período helenístico; a ausência de palavras gregas e o estilo do dialeto hebraico do autor, no entanto, levam a crer que o livro tenha sido escrito antes da queda do Império Persa nas mãos da Grécia, em 331 a.c.

Propósitos, temas e características literárias do Livro de Ester

O propósito central do autor era registrar a instituição da festa anual do Purim e manter viva, para as gerações posteriores, a lembrança do grande livramento do povo judeu no reinado Xerxes. O livro explica tanto o início dessa observância quanto a obrigação da comemoração perpétua (veja 3.7; 9.24; 28-32).

No decurso de boa parte da narrativa, o autor relembra que continuava o conflito entre Israel e os amalequitas, conflito que começou durante o êxodo (Êxodo 17.8-16; Deuteronômio  25.17-19 ) e continuou por toda a história de Israel (1Samuel 15; 1Crônicas 4.43 e, logicamente Et).

Os amalequitas, sendo os primeiros que atacaram Israel depois de este sair liberto do Egito, eram considerados o epítome de todas as potências mundanas organizadas contra o povo de Deus (veja Números 24.20; 1Samuel 15.1-3; 28.18), e o autor de Ester também os considera assim.

Agora, com Israel liberto do cativeiro, o decreto de Hamã é o último esforço de vulto no antigo testamento para destruí-lo. Em estreita associação com o conflito com os amalequitas há o descanso prometido ao povo de Deus (Deuteronômio 25.19). Depois de derrotada Hamã, os judeus desfrutam de descanso do seus inimigos (9.16,22).

O autor também faz uso do tema do remanescente, que percorre a Bíblia inteira (calamidades naturais, enfermidades, guerras ou outas desventuras ameaçam o povo de Deus; os que sobrevivem consistem no remanescente).

Os acontecimentos na cidade persa de Susã ameaçavam a continuidade dos propósitos de Deus na história da redenção. A existência futura do povo escolhido de Deus e, em última análise, o aparecimento do Redentor-Messias foram postos em risco pelo decreto de Hamã, que ordenava a destruição dos judeus.

O autor de Ester fez boa parte de seu material seguir o padrão da história de José, na qual o tema do remanescente também faz parte central da narrativa (Gn 45.7) As festas formam outro tema de destaque em Ester, como demostra o “Esboço”, abaixo.

Os banquetes servem de cenário a acontecimentos importantes do enredo. Há dez banquetes:

  1. 1.3,4;
  2. 1.5-8
  3. 1.9
  4. 2.18
  5. 3.15
  6. 5.1-8
  7. 7.1-10
  8. 8.17
  9. 9.17
  10. 9.18-32

Os três pares de banquetes que marcam o início, o meio e o fim da história merecem destaque especial:

  • Os dois banquetes dados por Xerxes.
  • Os dois banquetes preparados por Ester e
  • Dupla celebração do Purim.

Registrar duplicações parece ser uma das técnicas de redação preferidas pelo autor. Além dos três grupos de banquetes que surgem aos pares, há duas listas de servidores do rei (1.10,14), dois relatos de como Ester ocultou sua identidade (2.10,20), duas reuniões entre as mulheres (2.8,19), duas casas para as mulheres (2.12-14), dois jejuns (4.3,16), duas consultas entre Hamã, a esposa e os amigos (5.14; 6,13), dois comparecimentos não programados de Ester diante do rei (5.2; 8.3), duas investiduras para Mordecai (6.7-11; 8.15), duas vezes que foi coberto o rosto de Hamã (6.12; 7.8), duas referências aos filhos de Hamã (5.11; 9.6-10; 13,14), dois aparecimentos de Harbona (1.10; 7.9), dois decretos reais (3.12-14; 8.1-13), duas referências à ira do rei que se aplacava (2.1; 7.10), duas referências à irrevocabilidade das leis Pérsia (1.19; 8.8), dois dias para os judeus se vingarem (9.5-15) e duas cartas que instituíram a comemoração do Purim (9.20-32).

Uma característica notável desse livro, a qual tem dado origem a muitos debates é a total ausência de referência a Deus, à adoração, à oração ou ao sacrifício. Essas “secularidades” tem produzido muitos críticos que julgaram o livro de pouco valor religioso.

Parece, no entanto, que o autor refreou-se deliberadamente de mencionar Deus ou qualquer atividade religiosa, como artifício literário que visa a ressaltar o fato de que é Deus quem controla e dirige todas as coincidências aparentemente insignificantes que perfazem o enredo e acabam levando ao livramento dos judeus.

O governo soberano de Deus é pressuposto a cada passo, pressuposição que fica ainda mais eficaz pela ausência total de referência a ele.

Esboço do Livro de Ester

  1. As festas de Xerxes (1.1 – 2.18)
    1. Vasti deposta (capítulo 01)
    2. Ester coroada (2.1-18)
  2. As festas de Ester (2.19 – 7.10)
    1. Mardoqueu desmascara uma conspiração (2.19-23)
    2. O complô de Hamã (capítulo 03)
    3. Mardoqueu persuade Ester a ajudar (capítulo 04)
    4. O pedido de Ester ao rei: o primeiro banquete (5.1-8)
    5. Uma noite de insônia (5.9 – 6.14)
    6. Hamã enforcado: o segundo banquete (capítulo 07)
  3. As festas do Purim (capítulos 08 ao 10)
    1. O decreto do rei a favor dos Judeus (capítulo 08)
    2. A instituição do Purim (capítulo 9)
    3. A promoção de Mardoqueu (capítulo 10)

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida

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