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Introdução do Evangelho de Marcos

Introdução do Evangelho de Marcos

Autor do Evangelho de Marcos

Embora não haja no livro nenhuma prova intrínseca inequívoca de autoria, a igreja primitiva foi unânime em testemunhar que esse evangelho fora escrito por João Marcos. A comprovação mais importante provém de Papias (c. 140 d.C.), que cita uma fonte ainda mais antiga, segundo a qual:

  1. Marcos foi cooperador de confiança de Pedro, de quem recebeu as informações acerca de tudo que fora dito e realizado pelo Senhor;
  2. essas informações não chegaram até Marcos num relato organizado e sequencial da vida do Senhor, mas sob a forma da pregação de Pedro — pregação que visava a atender às necessidades das primeiras comunidades cristãs;
  3. Marcos conservou esses dados com exatidão. A conclusão extraída dessa tradição é que o evangelho de Marcos consiste, em grande medida, na pregação de Pedro ordenada e modelada por João Marcos.

João Marcos – Novo Testamento

Concorda-se, de modo geral, que o mesmo Marcos associado a Pedro na tradição primitiva extrabíblica é também o João Marcos do Novo Testamento . A primeira menção dele inclui também sua mãe, proprietária de uma casa em Jerusalém que servia de local de reuniões para os crentes (Atos dos Apóstolos 12.12).

Quando Paulo e Barnabé saíram de Jerusalém rumo a Antioquia, depois de já terem visitado a cidade por ocasião da fome, Marcos os acompanhou (Atos dos Apóstolos 12.25). Em seguida, Marcos aparece como “auxiliar” de Paulo e Barnabé na sua primeira viagem missionária (Atos dos Apóstolos 13.5), mas os deixou em Perge, na Panfília, para voltar a Jerusalém (Atos dos Apóstolos 13.13).

Paulo deve ter-se sentido profundamente decepcionado com as ações de Marcos nessa ocasião, porque, quando Barnabé quis levar Marcos na segunda viagem, Paulo opôs-se peremptoriamente, e essa recusa desfez o relacionamento ministerial entre eles (Atos dos Apóstolos 15.36-39).

Barnabé tomou Marcos, seu primo, e partiu para Chipre. Nenhum dos dois volta a ser mencionado em Atos dos Apóstolos. Marcos reaparece na epístola de Paulo aos colossenses, escrita em Roma. Paulo envia saudação da parte de Marcos e acrescenta: “Vocês receberam instruções a respeito dele; se ele for visitá-los; recebam-no” (Colossenses 4.10; escrita aproximadamente na mesma ocasião). Nessa altura, parece que Marcos começava a reconquistar a confiança de Paulo (Segunda Carta de Timóteo 4.11).

Data da Composição do Evangelho de Marcos

Alguns, para quem Mateus e Lucas empregaram Marcos como principal fonte documentária, acreditam que Marcos pode ter sido escrito na década de 50 ou no começo da década de 60.

Há quem entenda que o conteúdo do evangelho e as declarações feitas pelos pais da igreja primitiva acerca de Marcos mostram que o livro foi escrito pouco antes da destruição de Jerusalém, em 70 d.C. V. quadro “Datação dos evangelhos sinóticos”.

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Lugar de Origem do Evangelho de Marcos

Segundo a tradição da igreja primitiva, Marcos foi escrito “nas regiões da Itália” (Prólogo antimarcionita) ou, mais especificamente, em Roma (Ireneu e Clemente de Alexandria). Esses mesmos autores associam estreitamente ao apóstolo Pedro a composição do evangelho de Marcos.

As provas acima condizem com:

  1. a probabilidade histórica de que Pedro estava em Roma nos últimos dias de sua vida e foi aí martirizado e com
  2. a evidência bíblica de que Marcos também estava em Roma por volta da mesma data, estando estreitamente ligado a Pedro (2Tm 4.11; 1Pe 5.13, em que a palavra “Babilônia” é provavelmente criptograma referente a Roma).

Destinatários do Evangelho de Marcos

As evidências remetem para a igreja de Roma ou pelo menos para leitores gentios. Marcos explica os costumes judaicos (7.2-4; 15.42), traduz palavras aramaicas (3.17; 5.41; 7.11,34; 15.22) e parece interessar-se especialmente pela perseguição e pelo martírio (8.34-38; 13.9-13) — assuntos de preocupação especial para os crentes de Roma. Roma como destino explicaria a aceitação quase imediata desse evangelho e sua rápida disseminação.

Ocasião e propósito do Evangelho de Marcos

Como o evangelho de Marcos está tradicionalmente associado a Roma, pode ter sido ocasionado pelas perseguições da igreja em Roma no período de c. 64-67 d.C. O bem-conhecido incêndio de Roma em 64 — provavelmente deflagrado por ordem do próprio Nero, sendo a culpa lançada sobre os cristãos — resultou em perseguição generalizada.

Até mesmo o martírio foi experimentado pelos crentes de Roma. É possível que Marcos tenha escrito para preparar seus leitores para esse sofrimento ao apresentar-lhes a vida de nosso Senhor. Há muitas referências, tanto explícitas quanto veladas, ao sofrimento e ao discipulado, em todas as partes do seu evangelho (veja 1.12,13; 3.22,30; 8.34-38; 10.30,33,34,45; 13.8,11-13).

Destaques do Evangelho de Marcos

  1. A cruz. Marcos realça não só a causa humana (12.12; 14.1,2; 15.10) mas também a inevitabilidade divina (8.31; 9.31; 10.33) da cruz.
  2. Discipulado. Deve-se prestar especial atenção aos trechos sobre discipulado baseados nas predições de Jesus acerca da sua paixão (8.34—9.1; 9.35—10.31; 10.42-45).
  3. Os ensinos de Jesus. Embora Marcos registre bem menos ensinos diretos de Jesus que os demais evangelistas, há um notável realce em Jesus como mestre. As palavras “mestre”, “ensinar” ou “doutrina”, e “Rabi” são aplicadas 39 vezes a Jesus em Marcos.
  4. O segredo messiânico. Em várias ocasiões, Jesus advertiu discípulos, ou a pessoa a favor de quem operou um milagre, de guardarem silêncio a respeito da identidade dele ou daquilo que fizera (1.34,44; 3.12; 5.43; 7.36,37; 8.26,30; 9.9).
  5. Filho de Deus. Embora Marcos sublinhe a humanidade de Jesus (v. 3.5; 6.6,31,34; 7.34; 8.12,33; 10.14; 11.12), não negligencia a sua divindade (1.1,11; 3.11; 5.7; 9.7; 12.1-11; 13.32; 15.39).

Características especiais

O evangelho de Marcos é um relato do ministério de Jesus singelo, sucinto, sem ornamentação, porém de grande vivacidade, ressaltando mais o que Jesus fez do que o que disse. Marcos passa rapidamente de um episódio da vida e do ministério de Jesus para outro, empregando muitas vezes o advérbio “imediatamente” .

O livro como um todo é caracterizado como “Princípio do evangelho” (1.1). A vida, a morte e a ressurreição de Cristo formam o “princípio”, do qual a pregação apostólica de Atos é a continuação.

Esboço

  1. Início do ministério de Jesus (1.1-13)
    1. Seu precursor (1.1-8)
    2. Seu batismo (1.9-11)
    3. Sua tentação (1.12,13)
  2. Ministério de Jesus na Galiléia (1.14—6.29)
    1. Ministério inicial na Galiléia (1.14—3.12)
      1. Chamado dos primeiros discípulos (1.14-20)
      2. Milagres em Cafarnaum (1.21-34)
      3. Um percurso na Galiléia (1.35-45)
      4. Ministério em Cafarnaum (2.1-22)
      5. Controvérsia sobre o sábado (2.23—3.12)
    2. Ministério posterior na Galiléia (3.13—6.29)
      1. Escolha dos 12 apóstolos (3.13-19)
      2. Ensinamentos em Cafarnaum (3.20-35)
      3. Parábolas do reino (4.1-34)
      4. Viagem pelo mar da Galiléia (4.35—5.20)
      5. Mais milagres na Galiléia (5.21-43)
      6. Incredulidade na cidade de Jesus (6.1-6)
      7. Seis equipes apostólicas percorrem a Galiléia (6.7-13)
      8. Reação de Herodes contra o ministério de Jesus (6.14-29)
  3. Ausências da Galiléia (6.30—9.32)
    1. Na costa leste do mar da Galiléia (6.30-52)
    2. Na costa oeste do mar da Galiléia (6.53—7.23)
    3. Na Fenícia (7.24-30)
    4. Na região de Decápolis (7.31—8.10)
    5. Nos arredores de Cesaréia de Filipe (8.11—9.32)
  4. Fim do ministério na Galiléia (9.33-50)
  5. Ministério de Jesus na Judéia e na Peréia (capítulo 10)
    1. Ensinos a respeito do divórcio (10.1-12)
    2. Ensinos a respeito das crianças (10.13-16)
    3. O jovem rico (10.17-31)
    4. Predição da morte de Jesus (10.32-34)
    5. Um pedido de dois irmãos (10.35-45)
    6. Restauração da vista de Bartimeu (10.46-52)
  6. A paixão de Jesus (capítulos. 11—15)
    1. A entrada triunfal (11.1-11)
    2. Purificação do templo (11.12-19)
    3. Controvérsias finais com líderes judaicos (11.20—12.44)
    4. Discurso do monte das Oliveiras a respeito do fim dos tempos (capítulo 13)
    5. Jesus é ungido (14.1-11)
    6. Prisão, julgamento e morte de Jesus (14.12—15.47)
  7. Ressurreição de Jesus (capítulo 16)

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida

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