Autor da Carta aos Romanos
O escritor dessa carta aos romanos foi o apóstolo Paulo veja capítulo, versículo 1. Jamais uma voz chegou a ser levantada na igreja primitiva contra a sua autoria. Romanos foi conhecida e usada por Clemente de Roma 95 depois Cristo, Policarpo 110 depois de Cristo, Justino Mártir 140 depois de Cristo, Irineu 175 depois de Cristo, Clemente de Alexandria 200 depois de Cristo, Orígenes 250 depois Cristo e Eusébio 315 depois de Cristo.
A carta contém várias referências históricas que concordam com fatos conhecidos da vida de Paulo veja 1:8-10; 15:24. O conteúdo desse livro é típico de Paulo, o que fica claro ao compará-lo com outras cartas que escreveu.
Data e lugar de composição
O livro foi provavelmente escrito no começo da primavera de 57 depois de Cristo. É muito provável que Paulo estivesse na sua terceira viagem missionária, pronto para voltar a Jerusalém com a oferta para os crentes empobrecidos dessa cidade (v. 15.25-27).
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Em 15.26 dá-se a entender que Paulo recebera contribuições das igrejas da Macedônia e da Acaia, de modo que estava em Corinto ou já tinha estado ali. Como ainda não tinha estado em Corinto (na sua terceira viagem missionária) quando escreveu primeira carta aos Coríntios 1Co 16.1-4 e a questão da coleta ainda não tinha sido resolvida quando escreveu segunda carta aos Coríntios 2Co 8, 9, a composição de Romanos deve ser posterior à de primeira e segunda carta aos Coríntios datadas 55 depois de Cristo.
O lugar mais provável em que a carta foi redigida é ou Corinto, ou Cencréia (a uma distância de uns 9 km), em virtude das referências a Febe, de Cencréia (16.1), e a Gaio, seu anfitrião (16.23), provavelmente coríntio (v. 1Co 1.14). Erasto (16.23) talvez fosse também coríntio veja também em 2Tm 4.20.
Destinatários
Os destinatários da carta eram os membros da igreja de Roma (1.7), predominantemente gentios (1:13). Os judeus, no entanto, deviam constituir minoria substancial da congregação 3:9; v. 4.1; caps. 9—11.
Talvez Paulo tenha primeiro enviado toda a carta à igreja de Roma, e depois disto ele, ou outra pessoa, usou uma forma mais breve (caps. 1—14 ou 1—15) para uma distribuição mais geral. V. nota em 2Pe 3.15.
Tema Principal da Carta aos Romanos
O tema fundamental de Paulo na carta aos Romanos é o evangelho básico: o plano de Deus para salvação e justificação de toda a humanidade, judeus e gentios indiferentemente (1.16,17). Embora a justificação pela fé tenha sido apresentada como tema central por alguns, parece que um tema mais amplo corresponderia de forma mais satisfatória à
mensagem do livro. A “justiça de Deus” (1.17) compreende a justificação pela fé, mas também abrange idéias correlatas como a culpa, a santificação e a segurança.
Propósito
Paulo tinha vários propósitos ao escrever a carta aos Romanos:
- Escreveu preparando o caminho para a visita iminente a Roma e para a missão pretendida na Espanha (1.10-15; 15.22-29).
- Escreveu para apresentar o sistema básico da salvação a uma igreja que nunca antes tivera um apóstolo como doutrinador.
- Buscava explicar o relacionamento entre judeus e gentios dentro do plano global de redenção traçado por Deus. Os cristãos judeus estavam sendo rejeitados pelo grupo maior de gentios na igreja (14.1) pelo fato de aqueles ainda se sentirem constrangidos a observar as leis alimentares e os dias sagrados (14.2-6).
Ocasião
Quando Paulo escreveu a carta, estava provavelmente em Corinto (At 20.2,3) na terceira viagem missionária. Seu trabalho no leste do Mediterrâneo estava quase concluído (v. 15.18-23), e desejava ardentemente visitar a igreja romana (v. 1.11,12; 15.23,24).
Na ocasião, no entanto, não podia ir até Roma por sentir a necessidade de entregar ele mesmo a coleta arrecadada entre as igrejas gentílicas para os cristãos empobrecidos de Jerusalém (v. 15.25-28). Assim, em vez de seguir viagem para Roma, enviou uma carta preparando os cristãos daquele lugar para sua pretendida visita ali por ocasião de uma missão à Espanha (v. 15.23,24).
Por muitos anos, Paulo desejara visitar Roma para ali ministrar (v. 1.13-15), e essa carta servia de introdução
teológica ao tão aguardado ministério que queria desempenhar em presença deles. Como não tinha conhecimento direto da igreja de Roma, pouco discorre sobre os problemas nela presentes (veja 14.1—15.13; confira também 13.1-7; 16.17,18).
Conteúdo
Paulo começa com um retrospecto do estado espiritual de toda a humanidade (1:1– 2:29). Conclui que judeus e gentios, igualmente, são pecadores e precisam da salvação (3:1-20). Essa salvação foi outorgada por Deus mediante Jesus Cristo e sua obra de redenção na cruz (3:21-31). A condição prévia, no entanto, é que seja recebida pela fé — princípio pelo qual Deus sempre tem lidado com a raça humana, como mostra o exemplo de Abraão (4:1-25).
Como a salvação é apenas o início da experiência cristã, Paulo passa a demonstrar de que modo o crente é liberto do pecado, da lei e da morte — condição possibilitada pela união com Cristo na morte e na ressurreição, e pela presença e poder do Espírito Santo que habita no crente (5:1 –8:39).
Paulo, então, mostra que Israel também, embora em atual estado de incredulidade, tem um lugar no soberano plano de redenção traçado por Deus (9:1 –11:36). Agora, Israel consiste em mero remanescente, permitindo a conversão dos gentios, mas virá o tempo em que “todo o Israel será salvo” (11.26).
A carta termina com um apelo aos leitores para que ponham em prática a fé cristã, tanto na igreja quanto no mundo (12:1-16:27). Nenhuma das outras cartas de Paulo declara de modo tão profundo o conteúdo do evangelho e suas implicações tanto para o presente quanto para o futuro.
Características especiais
- A carta mais sistemática de Paulo. Seu estilo é mais de um esmerado ensaio teológico que de uma carta.
- Realce dispensado à doutrina cristã. Impressionam a quantidade e a importância dos temas teológicos tratados: o pecado, a salvação, a graça, a fé, a retidão, a justificação, a santificação, a redenção, a morte e a ressurreição.
- Amplo emprego de citações do AT . Embora Paulo regularmente cite o AT em suas cartas, em Romanos o argumento às vezes depende dessas citações (v. especialmente caps. 9—11).
- Solicitude profunda por Israel. Paulo escreve a respeito da condição presente do povo, do seu relacionamento com os gentios e da sua salvação final.
Esboço
- Introdução (1.1-15)
- Tema: Justiça da parte de Deus (1.16,17)
- A impiedade de toda a raça humana (1.18—3.20)
- Os gentios (1.18-32)
- Os judeus (2.1—3.8)
- Resumo: todos os povos (3.9-20)
- A justiça creditada: justificação (3.21—5.21)
- Mediante Cristo (3.21-26)
- Recebida pela fé (3.27)
- Demonstração do princípio (3.27-31)
- Ilustração do princípio (cap. 4)
- Os frutos da justiça (5.1-11)
- Resumo: a iniqüidade do homem contraposta ao dom da justiça de Deus (5.12-21)
- A justiça outorgada: santificação (caps. 6—8)
- Libertação da tirania do pecado (cap. 6)
- Libertação da condenação da lei (cap. 7)
- Vida no poder do Espírito Santo (cap. 8)
- Vindicação da justiça de Deus: o problema da rejeição de Israel (caps. 9—11)
- O juízo por causa da rejeição (9.1-29)
- A causa da rejeição (9.30—10.21)
- Fatos que atenuam a dificuldade (cap. 11)
- A rejeição não é total (11.1-10)
- A rejeição não é definitiva (11.11-24)
- O derradeiro propósito de Deus é a misericórdia (11.25-36)
- A justiça praticada (12.1—15.13)
- No corpo — a igreja (cap. 12)
- No mundo (cap. 13)
- Entre cristãos fracos e fortes (14.1—15.13)
- Conclusão (15.14-33)
- Recomendação e saudações (cap. 16)
Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida
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