Título do Livro de Êxodo
“Exodo” provém do nome grego Exodos, dado ao livro por aqueles que o traduziram para o grego. A palavra significa “saída”, “partida” (veja evangelho de Lucas 9.31; Hebreus 11.22). O nome foi mantido pela Vulgata latina, pelo o autor judeu Filo (da época de Cristo) e pela Versão Siríaca.
Em hebraico, o título do livro é formado por suas primeiras: we’elleh shemot (“São estes […] os nomes dos…”). A mesma expressão ocorre em Gênesis 46.8, em que também introduz uma lista dos israelitas “que entraram com Jacó no Egito” (1.1).
Portanto, não era a intenção que Êxodo existisse separadamente, mas era considerado continuação da narrativa iniciada em Gênesis e completada em Levítico, Números e Deuteronômio.
Os cinco primeiros livros da Bíblia são chamados, no conjunto, Pentateuco (“Introdução Gênesis: Autor e data de composição”).
Autor e data de composição do Livro de Êxodo
Várias declarações em Êxodo mostram que Moisés escreveu certas seções do livro (17.14; 24.4; 34-27). Além disso, Josué 8.31 refere-se ao mandamento de Êxodo 20.25 como escrito no livro de Moisés. O novo testamento também confirma a autoria mosaica de vários textos de Êxodo (Marcos 7.10; 12.26; Lucas 2.22,23).
Essas referências, tomadas no conjunto, fazem supor enfaticamente que Moisés foi em grande medida o responsável pela composição do livro de Êxodo – opinião tradicional não desafiada de modo convincente pela teoria bastante divulgada que o Pentateuco, como um todo, contém quatro fontes documentárias subjacentes (“Introdução, Gênesis: Autor e data de composição”).
Cronologia do Livro de Êxodo
De acordo com 1Reis 6.1, o êxodo aconteceu 480 anos antes do “quarto ano do reinado de Salomão em Israel”. Como esse ano foi c. 966 a.c., afirma-se tradicionalmente que o êxodo ocorreu por volta de 1446.
Os “trezentos anos” de Juízes 11.26 encaixa-sem tranquilamente nesse período (veja “Introdução de Juízes: Antecedentes históricos”). Além disso embora a cronologia egípicia relacionada à XVIII dinastia seja ainda um pouco incerta, pesquisas recentes tendem a apoiar opinião tradicional de que dois dos faraós dessa dinastia, Tutmés III e o filho Amunotepe II, foram respectivamente os faraós da opressão e do êxodo.
Entretanto, o aparecimento do nome Ramessés em 1.11 tem levado muitos à conclusão de que faraó Seti I, da XIX dinastia, e o filho Ramessés II foram respectivamente os faraós da opressão e do êxodo.
Além disso, evidências arqueológicas da destruição de inúmeras cidades cananéias no século XIII a.c têm sido interpretadas como prova de que as tropas de Josué invadiram a terra prometida naquele século.
Esses argumentos e outros semelhantes mostram a possibilidade de o êxodo ter ocorrido em aproximadamente 1290 (Introdução, Josué: Antecedentes históricos). A identidade dos atacantes dessas cidades não pode, porém, ser apurada com certeza.
As incursões podem ter sido iniciadas por exércitos israelitas posteriores, ou por filisteus, ou por outras potências. As próprias evidências arqueológicas têm-se tornado cada vez mais ambńguas, e avaliações recentes tendem a atribuir a algumas ideias outra data, a da XVIII dinastia.
Além disso, o nome da cidade Ramessés, em 1.11, pode muito bem ser resultado de uma atualização feita por alguém que viveu séculos depois de Moisés procedimento que talvez explique o aparecimento do mesmo nome em Gênesis 47.11
Em suma, não há razões fortes o bastante para alterar em muito a data tradicional do êxodo dos israelitas, quando se libertaram da escravidão egípcia 1446 a.c.
A rota do Êxodo
Já foram propostas pelo menos rotas possíveis de escape de Pitom e Ramassés (1.11); uma para o norte, atravessando a terra dos filisteus (veja porém, 13.17); 2) uma intermediária, indo para o leste, pelo Sinai, até Berseba e 3) uma para o sul, ao longo do litoral oeste do Sinai, até as extremidades do sudeste da península.
A rota para o sul parece a mais provável, já que vários dos locais do itinerário de Israel pelo deserto já foram, ainda que não conclusivamente, identificados nessa trajetória
Temas e teologia do Livro de Êxodo
Êxodo lança os alicerces de uma teologia em que Deus revela seu nome, seu atributos, sa redenção, sua lei e como deve ser adorado. Relata, também, a nomeação e a obra do primeiro mediador pactual (Moisés), circunstanciando os primórdios do sacerdócio, definido o papel do profeta e relatando de forma o antigo relacionamento entre Deus e seu povo passou a receber nova administração (a aliança do Sinai).
Percepções profundas da natureza de Deus acham-se nos capítulos 3, 6, 33 e 34. A tônica desses textos reside na presença dele (representada pelo nome Iavé e por sua glória) e na importância dessa presença.
Mas também conferem realce a atributos seus como justiça, veracidade, misericórdia, fidelidade e santidade. Conhecer o “nome” de Deus, portanto, é conhecer a ele mesmo e ao seu caráter (veja 3.13-15; 6.3).
Deus também é Senhor da história, porque não há outro semelhante a ele: “Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas” (15.11). Nem a aflição de Israel,
nem as pragas do Egito estavam fora de seu controle. Faraó, os egípcios e todo Israel viram o poder Deus.
É um consolo sabermos que Deus se lembra do seu povo e se preocupa por ele (veja 2.24). O que prometera séculos antes a Abraão, a Isaque e a Jacó agora começa a transformar em realidade, quando Israel é liberto da escravidão no Egito e começa viagem a terra prometida. A aliança do Sinai é um passo adiante no cumprimento da promessa que Deus fizera aos patriarcas (3.15-17; 6.2-8; 19.3-8).
A teologia da salvação é também uma das tônicas do livro. O verbo “resgatar” é usado, em 6.6 em 15.13. Mas o âmago da teologia da redenção é mais bem percebido na narrativa da Páscoa, no capítulo 12, e no selar da aliança, no 24. O apóstolo Paulo considerou a morte do cordeiro da Páscoa cumprida em Cristo (1.Co 5.7).
E, realmente João Batista chamou Jesus “o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). O alicerce da ética e da moral bíblica é lançado primeiramente no caráter misericordioso de Deus, conforme revelado no próprio êxodo e depois nos dez mandamentos (20.1-17) e nas ordenanças do livro da aliança (20.22-23.33), que ensinava Israel a aplicar de modo prático os principais dos mandamentos.
O livro termina com uma consideração pormenorizada da teologia da adoração.Embora fosse dispendioso em tempo, em esforço e em valor monetário, o tabernáculo, em seu significado e função, aponta para o fim principal do homem: “glorificar a Deus e desfrutar dele para sempre” (Catecismo menor de Westminster).
Por meio do tabernáculo, o Deus do universo, onipotente, imutável e transcendente, veio “habitar” ou “tabernáculo” com seu povo, e assim revelar também a sua misericordiosa proximidade. Deus além, de ser poderoso a favor de Israel, também está presente em seu meio.
Esses elementos teológicos, no entanto, não se apresentam meramente lado a lado na narrativa do Êxodo. Recebem significado mais pleno e rico pelo fato de fazerem parte inseparável do relato de como Deus suscitou seu servo Moisés
- para libertar seu povo da escravidão do Egito;
- para inaugurar seu reino terreno entre eles, firmado com a nação uma nova aliança
- para erigir em Israel a tenda régia de Deus
E esse relato da redenção do povo do meio da escravidão, levando à consagração mediante a aliança e o levantamento da tenda régia de Deus na terra, tudo pelo ministério por de meio de Israel, e em última análise, de Jesus Cristo, o Mediador supremo.
Esboço do Livro de Êxodo
- A redenção divina (capítulos 1 ao 18)
- Multiplicação cumprida (capítulo 1)
- O aumento prometido (1.1-7)
- O primeiro pogrom (1.8-14)
- O segundo pogrom (1.15-21)
- O terceiro pogrom (1.22)
- Preparativos para a libertação (2.1-4.26)
- Preparando um líder (2.1-10)
- Ampliando o período de preparo (2.11-22)
- Preparando o povo (2.23-25)
- Convocando um libertador (3.1-10)
- Resposta a objeções insatisfatória (3.11-4.17)
- Preparando a família de um líder (4.18-26)
- Primeiros passos na liderança (4.27-7.5)
- Reforçado por irmãos (4.27-31)
- Repudiado pelo o inimigo (5.1-14)
- Repudiado pelo os escravizados (5.15-21)
- Revisitado pelas objeções antigas (5.22,23)
- Fortalecido pelo nome de Deus (6.1-8)
- Relembrado das origens humildes (6.9-7.5)
- Juízo e salvação por meio das pragas (7.6-11.10)
- Apresentando os sinais da autoridade divina (7.6-13)
- Primeira praga: a água transformada em sangue (7.14-24)
- Segunda praga: rãs (7.25-8.15)
- Terceira praga: piolhos (8.16-19)
- Quarta praga: moscas (8.20-32)
- Quinta praga: contra os rebanhos (9.1-7)
- Sexta praga: feridas purulentas (9.8-12)
- Sétima praga: granizo (9.13-35)
- Oitava praga: gafanhotos (10.1-20)
- Nona praga: trevas (10.21-29)
- Décima praga anunciada: morte dos primogênitos (capítulo 11)
- A Páscoa (12.1-28)
- Preparativos para a páscoa (12.1-13)
- Preparativos para os Pães sem Fermento (12.14-20)
- Celebração da Páscoa (12.21-28)
- A saída do Egito (12.29-51)
- Morte à meia-noite (12.29.32)
- Expulsão do Egito (12.33-42)
- Regulamento para a Páscoa (12.43-51)
- Consagração dos primogênitos (13.1-16)
- Travessia do mar vermelho (13.17-15.21)
- Entrando no deserto (13.17-22)
- Diante do “mar vermelho” (14.1-14)
- Atravessando o “mar vermelho” (14.15-31)
- Cântico à beira-mar (15.1-21)
- Viagem até o Sinai (15.22-18.27)
- As águas de Mara (15.22-18.27)
- O maná e as codornizes (capítulo 16)
- As águas de Meribá (17.1-7)
- A guerra de Amaleque (17.8-16)
- A sabedoria de Jetro (capítulo 18)
- Multiplicação cumprida (capítulo 1)
- A aliança do Sinai (capítulos 19-24)
- A aliança é proposta (capítulo 19)
- O decálogo (20.1-17)
- Reação do povo à presença de Deus com fogo (20.18-21)
- O livro da aliança (20.22-23.33)
- Prólogo (20.22-26)
- Leis sobre escravos (21.1-11)
- Leis sobre o homicídios (21.12-17)
- Leis sobre lesões corporais (21.18-32)
- Leis sobre dados a propriedades (21.33-22.15)
- Leis sobre as sociedade (22.16-31)
- Leis sobre a justiça e boa vizinhança (23.1-9)
- Leis sobre as estações sagradas (23.10-19)
- Epílogo (23.20-33)
- Ratificação da aliança (capítulo 24)
- Culto divino (capítulos 25 ao 40)
- A instrução a respeito do tabernáculo (capítulos 25 ao 31)
- Recolhendo os materiais (25.1-9)
- A arca e o propiciatório (25.10-22)
- Mesa dos pães da Presença (25.23-30)
- Candelabro de ouro (25.31-40)
- Cortinas e armações (capítulo 26)
- Altar dos holocaustos (27.1-8)
- Pátio (27.9-19)
- Sacerdócio (27.20-28.5)
- Vestes sacerdotais (28.6-43)
- Ordenação dos sacerdotes (capítulo 29)
- Altar do incenso (30.1-10)
- Imposto do censo (30.11-16)
- Bacia de Bronze (30.17-21)
- Óleo de unção e incenso (30.22-38)
- Nomeados artesões (31.1-11)
- Repouso no sábado (31.12-18)
- Adoração falsa (capítulos 32-34)
- O bezerro de ouro (32.1-29)
- A medição de Moisés (32.30-35)
- Ameaça de separação e oração de Moisés (capítulo 33)
- Renovação da aliança (capítulo 34)
- Construção do tabernáculo (capítulos 35 ao 40)
- Convocação para a construção (35.1-19)
- Ofertas voluntárias (35.20-29)
- Bezalel e os seus artesãos (35.30-36.7)
- Andamento da obra (36.8-39.31)
- A bênção de Moisés (39.32-43)
- Erigido o tabernáculo (40.1-33)
- Dedicação do tabernáculo (40.34-38)
- A instrução a respeito do tabernáculo (capítulos 25 ao 31)
Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida
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