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Introdução Carta aos Colossenses

Autor, data e lugar de composição da Carta aos Colossenses

Não se duvida em geral que a carta aos Colossenses seja uma carta autêntica de Paulo. Na igreja primitiva, todos os que tocam no assunto da autoria atribuem-na a Paulo. Por exemplo: Policarpo (c. 110 d.C.), Justino Mártir (c. 140 d.C.), Irineu (c. 175 d.C.), Clemente de Alexandria (c. 200 d.C.), Tertuliano (c. 200 d.C.), Orígenes (c. 250 d.C.)
e Eusébio (c. 315 d.C.).

No séc. XIX , no entanto, alguns pensaram que a heresia refutada no capítulo 2 era o gnosticismo do século II d.C. Mas uma análise cuidadosa do capítulo 2 demonstra que a heresia ali referida é marcantemente menos desenvolvida que o gnosticismo dos mestres gnósticos principais dos séculos II e III .

Além disso, as sementes do que posteriormente se tornou o gnosticismo total do século II estavam presentes no séc. I , já em incursões pelas igrejas. Conseqüentemente, não é necessário datar a carta aos Colossenses no século II , período tardio demais para que Paulo tenha escrito a carta.

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Pelo contrário, ela deve ser datada durante o primeiro encarceramento de Paulo em Roma, onde passou pelo menos dois anos em prisão domiciliar veja em Atos do Apóstolo 28.16-31). Alguns sustentam que Paulo escreveu Colossenses em Éfeso ou em Cesaréia, mas a maior parte das evidências favorece Roma como lugar em que Paulo teria escrito todas as “cartas da prisão” (Efésios, Colossenses, Filipenses, 2Timóteo e Filemom). Colossenses deve ser datada c. 60 d.C., no mesmo ano que Efésios e Filemom.

Colossos: a cidade e a igreja

Vários séculos antes dos dias de Paulo, Colossos tinha sido uma cidade importante na Ásia Menor (atual Turquia). Localizava-se no rio Lico e na grande rota comercial entre o leste e o oeste, que ia desde Éfeso, no mar Egeu, até o rio Eufrates. Já no século I d.C., Colossos tinha-se reduzido a uma cidade comercial de segunda categoria, já de muito suplantada — em poder e importância — pelas cidades vizinhas de Laodicéia e Hierápolis (v. 4.13).

O que deu importância a Colossos no novo testamento , no entanto, foi o fato de que, nos três anos do ministério de Paulo em Éfeso, Epafras tinha sido convertido e levara o evangelho à cidade confira. 1.7,8 e em Atos dos Apóstolos 19.10. A igreja jovem que daí surgiu passou então a ser alvo de ataques heréticos, o que levou à visita de Epafras a Paulo em Roma e, no fim, à redação da carta aos colossenses.

Talvez em conseqüência dos esforços de Epafras ou de outros convertidos de Paulo, abriram-se igrejas também em Laodicéia e em Hierápolis. Algumas delas eram nos lares veja 4.15; em Filemom 2. O mais provável é que todas fossem primordialmente gentílicas.

A heresia colossense

Paulo nunca declara expressamente o falso ensino a que se opõe na carta aos colossenses. A natureza da heresia deve ser inferida das declarações que fez em oposição aos falsos mestres. Uma análise de sua refutação leva a crer que a heresia era diversificada em sua natureza.

Alguns dos elementos desses ensinos eram:

  1. Cerimonialismo. Mantinha regras severas a respeito dos tipos permissíveis de comida e bebida, das festas religiosas (2.16,17) e da circuncisão (2.11; 3.11).
  2. Ascetismo. “Não manuseie!” “Não prove!” “Não toque!” (2.21; cf. 2.23).
  3. Adoração a anjos. V. 2.18 (A humildade em que se tem prazer é necessariamente falsa. Paulo talvez se referisse a uma suposta humildade diante do Deus absoluto, que segundo se acreditava era tão elevado acima dos homens que só podia ser adorado na forma dos anjos que criara. O gnosticismo do século II concebia uma lista de seres espirituais emanados de Deus, por meio dos quais se podia chegar a Deus.).
  4. Depreciação de Cristo. Subentendida na maneira de Paulo ressaltar a supremacia de Cristo (1.15-20; 2.2,3,9).
  5. Conhecimentos secretos. Os gnósticos jactavam-se disso (v. 2.18 e o realce que em 2.2,3 Paulo dispensa a Cristo: “e em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”).
  6. Dependência da sabedoria e da tradição humana. V. 2.4,8 ( A expressão que ocorre também no v. 20 e em Gálatas 4.3,9) significa ensinos religiosos rudimentares, falsos e mundanos. Paulo estava contrapondo-se à heresia colossense, a qual ensinava, entre outras coisas, que, para ser salva, a pessoa precisava combinar a fé
    em Cristo com conhecimentos secretos e regulamentos humanos quanto a práticas físicas e externas como a circuncisão, os alimentos e as bebidas, e a observância das festas religiosas).

Esses elementos parecem classificar-se em duas categorias: judaica e gnóstica. É provável, portanto, que a heresia colossense fosse uma mistura de uma forma extrema do judaísmo e de uma etapa inicial do gnosticismo (veja a “Introdução, 1João: O gnosticismo”).

Propósito e tema

O propósito de Paulo é refutar a heresia colossense. Para alcançar esse alvo, exalta Cristo como a própria imagem de Deus (1.15), Criador (1.16), sustentador preexistente de todas as coisas (1.17), cabeça da igreja (1.18), primeiro a ser
ressuscitado (1.18), plenitude da deidade em forma corpórea (1.19; 2.9) e reconciliador (1.20-22). Cristo, portanto, é totalmente satisfatório.

Recebemos a plenitude em Cristo (2.10). Em contrapartida, a heresia colossense era totalmente insatisfatória. Era uma filosofia vazia e enganadora (2.8), sem a mínima capacidade de refrear a antiga natureza pecaminosa (2.23).

Assim sendo, pode-se dizer que Paulo dá uma razão dupla para escrever:

  1. garantir aos colossenses e demais leitores da epístola o seu interesse e cuidado por eles. Ele deseja que todos sejam completamente receptivos a Cristo em seu meio (2:2-3);
  2. a segunda razão envolve falsos ensinamentos e mestres que poderiam estar guiando de forma errada alguns da igreja. Seus argumentos parecem convincentes (2:4), mas estão baseados em “tradição humana e nos princípios básicos desse mundo e não em Cristo” (2:8).

O tema de Colossenses é a total suficiência de Cristo, em oposição ao vazio da mera filosofia humana.

Esboço

  1. Introdução (1.1-14)
    • Saudações (1.1,2)
    • Ação de graças (1.3-8)
    • Oração (1.9-14)
  2. A supremacia de Cristo (1.15-23)
  3. A labuta de Paulo a favor da igreja (1.24—2.7)
    • Um ministério por amor à igreja (1.24-29)
    • Solicitude pelo bem-estar espiritual dos leitores (2.1-7)
  4. Livres dos regulamentos humanos, mediante a vida com Cristo (2.8-23)
    1. Advertência para precaver-se contra os falsos mestres (2.8-15)
    2. Rogos para rejeitar os falsos mestres (2.16-19)
    3. Uma análise da heresia (2.20-23)
  5. Regras para o viver santo (3.1—4.6)
    • O velho homem e o novo homem (3.1-17)
    • Regras para os lares cristãos (3.18—4.1)
    • Outras instruções (4.2-6)
  6. Saudações finais (4.7-18)

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida

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