Olá caro leitor hoje trago a vocês a introdução do  evangelho de Mateus.

Autor do Evangelho de Mateus

Os pais da igreja primitiva (p.ex. Inácio, Papias, Irineu e Eusébio) concordavam unanimemente que Mateus, um dos 12 apóstolos, foi o autor desse evangelho. No entanto, o resultado de estudos críticos na atualidade — sobretudo os que ressaltam a hipótese da dependência de Mateus em relação a Marcos para boa parte do seu evangelho — têm levado alguns estudiosos bíblicos a abandonar o conceito da autoria de Mateus.

Perguntam-se: “Por que Mateus, testemunha ocular dos fatos da vida de nosso Senhor, dependeria tanto do relato escrito por Marcos?”. A melhor resposta parece ser que Mateus concordava com Marcos e queria demonstrar que o testemunho apostólico a respeito de Jesus não era dividido.

Além disso, se Mateus não foi o verdadeiro autor, por que então escolher o seu nome, visto que ele não foi um dos discípulos mais conhecidos? Mateus, cujo nome significa “dádiva do Senhor”, era um cobrador de impostos que deixou o seu serviço para seguir Jesus (9.9-13). Em Marcos e em Lucas, é chamado por seu outro nome, Levi.

Data e local da composição do Evangelho de Mateus

A natureza judaica do evangelho de Mateus pode fazer supor que tenha sido escrito na Palestina, embora muitos pensem que foi gerado na Antioquia da Síria. Alguns, com base em suas características judaicas, sustentam que foi escrito no período da igreja primitiva, possivelmente no começo da década de 50 d.C., quando então a igreja era em grande parte judaica e o evangelho era pregado somente aos judeus (Atos dos Apóstolos 11.19).

Aqueles, no entanto, para quem Mateus e Lucas aproveitaram muitos trechos do evangelho de Marcos atribuem-lhe data posterior — depois de este já ter estado em circulação por algum tempo. V. quadro “Datação dos evangelhos sinóticos”.

Por isso, alguns acreditam que Mateus teria sido escrito em fins da década de 50 ou no começo da de 60 (até 64). Outros, para quem Marcos foi escrito entre 65 e 70, situam Mateus em fins da década de 70 ou ainda mais tarde.

Dois argumentos para a datação antes da década de 70: 1) Mateus tem mais advertências contra os saduceus do que todos os outros autores do Novo Testamento juntos; 2) em Mateus fica claro que ainda não havia acontecido uma separação completa do judaísmo por parte dos cristãos.

Destinatários do Evangelho de Mateus

Como o evangelho de Mateus foi escrito em grego, seus leitores eram sem dúvida falantes dessa língua. Segundo parece, também eram judeus. Muitos elementos deixam prever leitores de origem judaica: Mateus preocupa-se com o cumprimento do antigo testamento (faz mais citações do antigo testamento e alusões a ele que qualquer outro autor do Novo Testamento ).

Remonta a ascendência de Jesus a Abraão (1.1-17); não se detém em explicações acerca de costumes judaicos (ao contrário sobretudo de Marcos); emprega terminologia judaica (e.g., “Reino dos céus” e “Pai celestial”, em que “céus” e “celestial” revelam a relutância reverencial dos judeus em citar o nome de Deus); realça o papel de Jesus como “Filho de Davi” (1.1; 9.27; 12.23; 15.22; 20.30,31; 21.9,15; 22.41-45).

Não significa, porém, que Mateus restrinja seu evangelho aos judeus. Registra a visita dos magos (não-judeus) para adorar o menino Jesus (2.1-12), bem como a declaração de Jesus: “O campo é o mundo” (13.38). Apresenta também na íntegra a Grande Comissão (28.18-20). Esses textos revelam que, embora o evangelho de Mateus seja judaico, sua visão é universal.

Propósito do Evangelho de Mateus

O propósito principal de Mateus é comprovar aos seus leitores judeus que Jesus é o Messias por eles esperado. Seu método consiste primordialmente em demonstrar que Jesus, por sua vida e ministério, cumpriu o Antigo Testamento.

Embora todos os escritores dos evangelhos citem o Antigo Testamento , Evangelho de Mateus registra ainda outros nove textos de comprovação (1.22,23; 2.15; 2.17,18; 2.23; 4.14-16; 8.17; 12.17-21; 13.35; 27.9,10) para ressaltar seu tema básico: Jesus é o cumprimento das predições do Messias feitas no Antigo Testamento.

Mateus até mesmo considera a história do povo de Deus no Antigo Testamento recapitulada em alguns aspectos da vida de Jesus (v., e.g., sua citação de Os 11.1 em 2.15). Para levar a efeito o seu propósito, Mateus também sublinha a linhagem davídica de Jesus (v. “Destinatários”, acima).

Estrutura

O modo de dispor a matéria revela um toque artístico. O evangelho inteiro é narrado em torno de cinco grandes discursos: 1) capítulos 5—7; 2) capítulo 10; 3) capítulo 13; 4) capítulo 18; 5) capítulos 24, 25. Fica claro que essa disposição é premeditada, porque cada discurso termina com o refrão “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas” ou palavras semelhantes (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1).

As seções de narrativa, em cada caso, servem de introdução apropositada aos discursos. O evangelho tem um prólogo adequado (capítulos. 1, 2 – genealogia, nascimento, visita dos magos, fuga para o Egito, volta para Israel) e um epílogo inspirador (28.16-20 – grande comissão).

Essa divisão em cinco partes pode deixar prever, também, que Mateus usou o Pentateuco (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento ) como modelo da estrutura do seu livro. É ainda possível que esteja apresentando o evangelho como uma nova Torá, e Jesus como um novo Moisés, maior.

Esboço

  1. Nascimento e primeiros anos de Jesus (capítulos 1, 2)
    • Sua genealogia (1.1-17)
    • Seu nascimento (1.18—2.12)
    • Sua permanência no Egito (2.13-23)
  2. Começos do ministério de Jesus (3.1—4.11)
    • Seu precursor (3.1-12)
    • Seu batismo (3.13-17)
    • Jesus é tentado (4.1-11)
  3. Ministério de Jesus na Galiléia (4.12—14.12)
    • Início da campanha na Galiléia (4.12-25)
    • O Sermão do Monte (capítulos 5—7)
    • Uma coletânea de milagres (capítulos 8, 9)
    • Comissionamento dos doze apóstolos (capítulo 10)
    • Ministério por toda a Galiléia (capítulos 11, 12)
    • Parábolas do reino (capítulos 13)
    • Reação de Herodes ao ministério de Jesus (14.1-12)
  4. Viagens de Jesus fora da Galiléia (14.13—17.20)
    • Na costa oriental do mar da Galiléia (14.13—15.20)
    • Na Fenícia (15.21-28)
    • Em Decápolis (15.29—16.12)
    • Em Cesaréia de Filipe (16.13—17.20)
  5. O último ministério de Jesus na Galiléia (17.22—18.35)
    • Predição da morte de Jesus (17.22,23)
    • Imposto do templo (17.24-27)
    • Sermão sobre a vida no reino (capítulo 18)
  6. Ministério de Jesus na Judéia e na Peréia (capítulos 19, 20)
    • Ensino sobre o divórcio (19.1-12)
    • Ensino a respeito das crianças (19.13-15)
    • O jovem rico (19.16-30)
    • Parábola dos trabalhadores na vinha (20.1-16)
    • Predição da morte de Jesus (20.17-19)
    • O pedido de uma mãe (20.20-28)
    • Restauração da vista de um cego em Jericó (20.29-34)
  7. A Semana da Paixão (capítulos 21—27)
    • A entrada triunfal (21.1-11)
    • Purificação do templo (21.12-17)
    • Últimas controvérsias com os líderes judaicos (21.18—23.39)
    • Sermão no monte das Oliveiras a respeito do fim dos tempos (capítulos 24, 25)
    • Jesus é ungido em Betânia (26.1-13)
    • Jesus é preso, julgado e crucificado (26.14—27.66)
  8. Ressurreição (cap. 28)

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida

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