Autor do Livro Atos dos Apóstolos

Embora o autor não cite seu nome, provas externas às Escrituras e inferências extraídas do próprio livro levam à conclusão de que o autor era Lucas. O mais antigo dos testemunhos externos aparece no Cânon muratório (c. 170 d.C.), no qual se acha a declaração categórica de que Lucas foi o autor tanto do terceiro evangelho quanto dos “Atos de todos os apóstolos”.

Eusébio (c. 325) levanta informações de inúmeras fontes documentárias que identificam Lucas como o autor desses livros (História eclesiástica, 3.4). Dentro da própria obra, existem indícios quanto à identidade do autor:

1-) Lucas, o companheiro de Paulo. Na narrativa dos acontecimentos, o verbo apresenta-se em certos trechos na primeira pessoa do plural. Nessas ocasiões, o autor inclui-se como companheiro de viagem de Paulo (16.10-17; 20.5—21.18; 27.1— 28.16).

Qualquer historiador meticuloso — como era o autor em questão — teria bons motivos para optar pelo emprego de “nós” em alguns trechos e de “eles” em outros. É provável, portanto, que o autor estivesse presente com Paulo naqueles acontecimentos em que utiliza o pronome “nós”.

Entre esses trechos que usam a primeira pessoa do plural, está o que trata da prisão de Paulo em Roma (capítulo 28). Nesse período Paulo escreveu, entre outras epístolas, Filemom e Colossenses. Nelas, envia saudações dos seus companheiros, e Lucas está entre eles (Filemom 23,24; Colossenses 4.10-17).

Na realidade, depois de excluir as pessoas que, por uma razão ou outra, não satisfariam os requisitos de autor de Atos, Lucas é o único que sobra como candidato mais provável.

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2-) Lucas, o médico. Embora não seja possível comprovar que o autor de Atos fosse médico apenas baseando-nos no vocabulário, as palavras que empregava, além dos traços e do nível cultural vislumbrados em seus escritos, são próprios de um médico (28.6 – inchar é um termo médico comum em se tratando de inflamação; no novo testamento , é usado somente por Lucas).

É verdade que os médicos do século I não tinham um vocabulário tão especializado quanto o dos médicos de hoje; ainda assim, alguns traços de linguagem de Lucas e Atos fazem supor que um homem de medicina seja o autor desses livros. E é preciso lembrar que Paulo emprega o termo “médico” ao se referir a Lucas (Colossenses 4.14).

Data do Livro Atos dos Apóstolos

Duas datas são possíveis para a composição desse livro:

1-) por volta de 63 d.C., pouco depois do último acontecimento registrado e enquanto Paulo aguardava ser julgado em Roma, e 2) perto de 70 d.C. ou ainda mais tarde.

A hipótese da data mais antiga é defendida com base nos seguintes aspectos:

1-) Silêncio a respeito de acontecimentos posteriores. Embora os argumentos baseados no silêncio não sejam irrefutáveis, talvez seja relevante o fato de o livro não conter nenhuma alusão aos fatos posteriores ao fim dos dois anos de prisão de Paulo em Roma: e.g., o incêndio de Roma e a perseguição dos cristãos (64 d.C.), o martírio de Pedro e de Paulo (possivelmente 67) e a destruição de Jerusalém (70).

2-) Ausência de informações sobre o resultado do julgamento de Paulo. Se Lucas soubesse o resultado do julgamento que Paulo aguardava (28.30), por que não o registrou no fim de Atos? Talvez porque já tivesse contado tudo o que sabia até aquela data. Para os que preferem a data posterior, 1.8 revela um dos propósitos de Lucas ao escrever a sua história, e esse propósito influenciou o encerramento do livro. Lucas queria demonstrar que a igreja penetrava o mundo de seus dias em círculos cada vez mais amplos (Jerusalém, Judéia, Samaria e confins da terra) até alcançar Roma, o centro político e cultural do mundo. Entendendo assim esse propósito, mencionar o martírio de Paulo (c. 67 d.C.) e a destruição de Jerusalém (70 d.C.) não era pertinente. Assim ficaria aberta a possibilidade de Atos ter sido escrito em c. 70 d.C. ou mesmo depois.

Destinatário do Livro Atos dos Apóstolos

O destinatário do livro, Teófilo, é o mesmo a quem se endereçou o primeiro volume, o evangelho de Lucas (v. “Introdução, Lucas: Destinatário e propósito”).

Importância do Livro Atos dos Apóstolos

O livro de Atos serve de ponte para os escritos do novo testamento . Sendo a segunda parte do evangelho de Lucas, estabelece relação entre “tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar” (1.1) — conforme relatado nos evangelhos — e aquilo que continuou a fazer e a ensinar mediante a pregação dos apóstolos e a fundação da igreja.

Além de fazer a ligação entre as narrativas dos evangelhos e as epístolas dos apóstolos, oferece um relato da vida de Paulo que nos situa para a leitura das suas epístolas. Quanto à geografia, sua história compreende as terras entre Jerusalém, onde a igreja teve seus começos, e Roma, o centro político do Império

Na história, relata os 30 primeiros anos da igreja. É, além disso, uma ponte que liga a igreja em seus inícios com cada era que se segue. Esse livro pode ser estudado para adquirir entendimento dos princípios que devem governar a igreja de toda e qualquer era.

Tema e propósito do Livro Atos dos Apóstolos

O v. 8 do primeiro capítulo é o que melhor resume o tema dessa obra. Na época, o historiador em geral iniciava um segundo volume com um resumo do primeiro e uma idéia do conteúdo previsto no segundo.

Lucas resumiu em 1.1-3 seu primeiro volume; o tema do segundo é apresentado nas palavras de Jesus: “vocês […] serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. Para todos os efeitos, aqui se resume, em linhas gerais, o livro de Atos (v. “Organização e esboço”).

Os propósitos principais do livro parecem ser:

1-) Apresentar uma história. Não há exagero em demonstrar a tremenda relevância e profundo significado de Atos como relato histórico das origens da fé cristã. Aí temos o relato de como a igreja foi fundada, o evangelho disseminado, as congregações iniciadas e as campanhas evangelísticas realizadas segundo o padrão apostólico.

Um dos aspectos incomparáveis do cristianismo é seu firme fundamento histórico. A vida e os ensinos de Jesus Cristo são confirmados nas quatro narrativas que constituem os evangelhos, e Atos dos Apóstolos oferece um relato dos começos da igreja no mesmo nível de importância.

2) Oferecer uma defesa. Dentro do relato de Atos estão presentes defesas da fé cristã feitas diante de judeus (e.g., 4.8-12) e também de gentios (e.g., 25.8-11), com o propósito subjacente de convertê-los. Demonstra que a igreja primitiva teve de lutar com o pensamento pagão e judaico, com o governo romano e com a sociedade helenística.

Lucas provavelmente escreveu a obra enquanto Paulo aguardava ser julgado em Roma. Quando seu processo fosse apresentado no tribunal, que melhor súmula de razões para a sua defesa Paulo poderia ter que uma vida de Jesus, uma história dos começos da igreja (incluindo-se a atividade de Paulo) e uma primeira coletânea das epístolas paulinas?

3) Servir de guia. Lucas não tinha como saber durante quanto tempo a igreja continuaria nesta terra, mas, enquanto prosseguir a sua trajetória, Atos dos Apóstolos será um dos seus guias principais. Em Atos, vemos princípios básicos aplicados a situações específicas de problema e de perseguição. Esses mesmos princípios continuam aplicáveis até a volta de Cristo.

4) Retratar o triunfo do cristianismo a despeito da acirrada perseguição. O sucesso da igreja em levar o evangelho de Jerusalém até Roma e em implantar igrejas em todas as partes do Império Romano demonstrou que o cristianismo não era mera obra dos homens. Havia a mão de Deus em tudo isso (v. 5.35-39).

Características do Livro Atos dos Apóstolos

1-) Pormenores históricos precisos. Cada página de Atos sobeja em pormenores nítidos e exatos, para alegria dos historiadores. O relato compreende um período de cerca de 30 anos, abrangendo países entre Jerusalém e Roma. A referência que Lucas faz a esses tempos e lugares está repleta de diferentes povos e culturas, de uma variedade de administrações governamentais, de cenas da corte em Cesaréia e de fatos impressionantes relacionados a centros como Antioquia, Éfeso, Atenas, Corinto e Roma.

Estão presentes, também, distritos campestres dos bárbaros e centros do judaísmo. Em cada um desses casos, no entanto, as descobertas arqueológicas revelam que Lucas emprega os termos corretos para a data e o local a que se refere. A crítica hostil não tem conseguido invalidar a exatidão pormenorizada das designações políticas e geográficas oferecidas por Lucas.

2-) Excelência literária. Além de ter um vasto vocabulário em comparação ao de outros escritores, Lucas também emprega seus vocábulos em estilos que mudam conforme os antecedentes culturais dos fatos registrados. Às vezes, emprega bom grego clássico; em outras ocasiões, o aramaico da Palestina do século I transparece nas expressões.

Trata-se da prática cuidadosa de Lucas de empregar linguagem adequada à data e ao local em questão. Os aramaísmos são usados quando Lucas se refere a fatos da Palestina (capítulos. 1—12). Quando, no entanto, Paulo viaja às terras helenísticas, para além do âmbito do aramaico, cessam os aramaísmos.

3-) Admirável capacidade expressiva. O emprego habilidoso que Lucas faz dos discursos contribui para o efeito dramático da sua narrativa. Não somente há espaço cuidadoso entre eles e bom equilíbrio entre os de Pedro e os de Paulo, mas também discursos de vários outros indivíduos acrescentam diversidade e vivacidade ao relato.

O emprego que Lucas faz dos detalhes confere vida à ação. Não existe em nenhuma obra da antigüidade relato de um naufrágio melhor que o de Lucas, com todos os seus pormenores náuticos (capítulo 27). O livro é vívido e de ação rápida, do começo ao fim.

4-) Relato objetivo. A disposição cuidadosa que Lucas fez do material não diminui a exatidão do registro. Demonstra a objetividade do seu relato ao registrar os fracassos tanto quanto os sucessos da igreja primitiva, os aspectos negativos tanto quanto os positivos.

Não somente é registrada a insatisfação entre judeus gregos e judeus hebreus (6.1), mas também a discórdia entre Paulo e Barnabé (15.39). As divisões e as diferenças são reconhecidas (15.2; 21.20,21).

Organização e esboço do Livro Atos dos Apóstolos

Lucas entretece vários interesses e diferentes tônicas ao relatar os começos e a expansão da igreja. O plano do seu livro gira em torno de:

  • pessoas essenciais (Pedro e Paulo);
  • temas e fatos importantes (o papel do Espírito Santo, a primeira expansão missionária a novos campos, as conversões, a vida da igreja, o crescimento da igreja e a vida na comunidade cristã);
  • problemas relevantes (o conflito entre judeus e gentios, a perseguição da igreja por alguns judeus, julgamentos diante de judeus e romanos, confrontos com gentios e outras adversidades no ministério);
  • avanços geográficos (cinco etapas relevantes).
  1.  Pedro e os começos da igreja na Palestina (capítulos. 1—12)
    • “e em toda a Judéia, Galiléia e Samaria” (1.1—9.31; v. 9.31)
      • Introdução (1.1,2)
      • O ministério de Cristo após a ressurreição (1.3-11)
      • O período de espera pelo Espírito Santo (1.12-26)
      • A plenitude do Espírito (capítulo 2)
      • A cura do aleijado e a resultante prisão de Pedro e de João (3.1—4.31)
      • A comunhão dos bens (4.32—5.11)
      • A prisão dos 12 apóstolos (5.12-42)
      • A escolha dos sete (6.1-7)
      • Prisão e martírio de Estêvão (6.8—7.60)
      • Dispersos os crentes que estavam em Jerusalém (8.1-4)
      • Ministério de Filipe (8.5-40)
      • Em Samaria (8.5-25)
      • Ao eunuco etíope (8.26-40)
      • Conversão de Saulo (9.1-31)
    • “À Fenícia, Chipre e Antioquia” (9.32—12.25; v. 11.19)
      • Ministério de Pedro no litoral do Mediterrâneo (9.32—11.18)
      • A Enéias e Dorcas (9.32-43)
      • A Cornélio (10.1—11.18)
      • A nova igreja gentílica em Antioquia (11.19-30)
      • Herodes persegue a igreja e morre em seguida (capítulo 12)
  2. Paulo e a expansão da igreja de Antioquia a Roma (caps. 13—28)
    • “pela região da Frígia e da Galácia” (13.1—15.35; v. 16.6)
      • Primeira viagem missionária de Paulo (caps. 13, 14)
      • A conferência em Jerusalém (15.1-35)
    • “à Macedônia” (15.36—21.16; v. 16.9)
      • Segunda viagem missionária de Paulo (15.36—18.22)
      • Terceira viagem missionária de Paulo (18.23—21.16)
    • “a Roma” (21.17—28.31; v. 28.14)
    • Prisão de Paulo em Jerusalém (21.17—23.35)
      • Paulo é detido (21.17—22.29)
      • Julgamento diante do Sinédrio (22.30—23.11)
      • Transferência a Cesaréia (23.12-35)
      • Prisão de Paulo em Cesaréia (caps. 24—26)
      • Julgamento perante Félix (cap. 24)
      • Julgamento perante Festo (25.1-12)
      • Audiência diante de Festo e Agripa (25.13—26.32)
      • Viagem marítima a Roma (27.1—28.15)
      • Dois anos de prisão domiciliar em Roma (28.16-31)

Fonte: Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional) – Editora Vida

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